Pérola é amiga de todo mundo, "todo mundo mesmo". Ajuda as pessoas, dá esmolas, sede a cadeira no ônibus. Está sempre dando bons conselhos aos seus amigos: "Por que será que aconselhamos os outros com tanta facilidade, mas quando algo acontece conosco não sabemos o que fazer?", eis um dos milhares pensamentos que estavam atormentando a sua noite.
Parecia tão fácil entrar em desespero naquele momento. Tudo parece pior na madrugada, deve ser por isso que tantas pessoas cometem suicídio depois da meio noite. Mas não parecia uma solução, não naquele momento, não por aquele motivo. Afinal, Pérola estava desesperada para salvar a própria vida, que burrice acabar com ela por se sentir um pouco mais fraca.
Pérola é dessas meninas que sempre resolve tudo sozinha, quase nunca pede ajuda e quando pede, acaba se irritando com a forma da pessoa fazer as coisas e toma as rédias na situação. Era, ou melhor, é dessas pessoas que não veem a luz no fim do túnel, elas são essa luz.
"Ah Pérola! Como as coisas chegaram a esse ponto? Você fez tudo a vida inteira e quando está no fim da caminhada você não pode fazer mais nada?", eis a frase que latejava a sua mente. Pensava em músicas, pensava nos ex, pensava na família, mas a frase voltava e quando voltava, doía.
Pérola não é fraca, mas seu sorriso foi murchando, as lágrimas vieram e o medo era visível.
"A dor é a única escrava que faz seu senhor se curvar", aonde ela tinha ouvido isso, ou quem sabe lido, quem vai lembrar de uma coisas dessas com um rombo no peito sugando tudo o que si é. Pérola tinha tantos amigos, mas não conseguia se lembrar de nenhum para quem conseguisse ligar e contar tudo. Ela achava estranho ter feito tantas coisas na vida e só conseguir lembrar das que não fez.
Pérola chorou, chorou, chorou e sentiu uma brisa suave quando se aproximou da janela do seu quarto, secando suas lágrimas lentamente. Já era dia. O sol estava nascendo e Pérola sorriu, e depois de mais uma noite de lamentos ela olhou fixamente para o horizonte e as palavras saíram junto com a sua respiração:
"Obrigada!"
Ela não agradecia por saber que ia morrer e nem pela vista linda que estava tendo. Não agradecia à doença, ou às fortes dores que ela lhe causava. Ela agradecia a vida, que ainda que curta tinha sido bela e daquele momento em diante ela sabia que esse curto tempo só dizia que tinha chegado ao podium bem rápido. Sim, ela venceu a corrida.
:O o que aconteceu com ela?
ResponderExcluireu não sei, o que você acha que aconteceu?
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