Uma vez aconteceu de que um ex meu veio me ver a noite. Mesmo depois de todas as sacanagens que ele fez comigo (que não foram muitas, mas foram suficientes para eu ter certeza que não queria ficar com ele), eramos amigos e amigos íntimos, não o tipo de amigo intimo que transa, ou que pensa em transar, bom pelo menos eu não pensava. Eramos o tipo de amigos que passam um bom tempo vendo filme juntos sem precisar trocar uma palavra pra saber que está tudo bem.
A visita dele não me assustou, nem mesmo estranhei, já estava acostumada a recebe-lo, nunca lhe dava espaço pra que tivesse intimidade, o máximo que lhe autorizava era que me abraçasse. Mas naquela noite algo em mim estava mexido pelo meu dia, a impressão que eu tinha era que poderia desabar se ninguém me dissesse o quanto eu era bonita. Que pelo menos mentisse, o que custa?
Eu sempre fui muito sincera comigo, principalmente em relação as meus pensamentos e sentimentos e nunca tive medo de falar deles pra mim, apenas alguns, mas esses alguns são meio que intocáveis.
Eu sou sim o tipo de mulher que precisa de um homem, e sou o tipo comum que necessita de elogios, e aquele tipo ainda mais comum que sabe arranca-los quando precisa. Sou o tipo de mulher que sabe provocar sem perder a pose de boa moça. Meu ex estava ali, ele não podia mais me machucar, meu coração nem acelerava quando ele se aproximava da minha boca, meus lábios não se enchiam d'água quando ele vinha pra me beijar, nada, eu não sentia nada por ele. Beija-lo não iria me fazer mal, só que um detalhe me fez exitar. Ele tem namorada, eu sou apenas a ex, e por algum motivo ele adorava quando eu jogava na cara dele que ele não era mais nada, adorava quando eu o abraçava e exitava, parecia tão divertido pra ele quanto pra mim. Mas nessa noite eu cedi.
Quando seu namorado te trair você vai pensar: o que ela tem que eu não tenho?
Quando você for a outra tudo que vai pensar: eu tenho e ela não tem. E isso é horrivelmente maravilhoso. Principalmente quando você sai da poltrona da corna, que não sabe o que seu namorado faz para a poltrona da outra que está vendo o que o namorado da corna faz.
Sei que parece orgulho, mas o que me impulsionou a escrever, foi o fato de nunca querer esquecer que eu preciso me manter na linha, pois sou capaz de coisas que só eu sei que sou e que eu não sei se gostaria de ser.